Passam e o que fica também passa, mas fica
há um saber nas nuvens que não se alcança
em seus bichos extintos e mapas sem
rota
e se eu intento estudá-las,
desmancham-se
mas seguem pairando em minha lembrança
algumas pesam como o lombo do boi
cevado
outras são plumas dos pássaros sem
pressa
há a que me traz os novelos no colo de
vovó
e as que por tímida razão chovem adiantado
vejo nelas o rabisco gris do tempo
indeciso
entre tons que já foram e outros desejados
flutuam, flanam, sem passado ou
presságios
tal velhice dum retrato ou algo não preciso
se num dia triste, fizerem-se de
ausências
oxalá deixem, nos céus, ao menos um
traço
um rastro fino de sombra no chão absorto
ou três pequenos pontos, feito
reticências
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