Ele era um poeta

ele nasceu do falecimento da feiura

 

ele via na pétala estirada no canteiro

vívida, a memória da plenitude da flor

ele enxergava, nas manhãs de segunda

nos desenhos da mucina seca do muro

as lembranças felizes do caracolzinho

no seu demorado passeio do domingo

ele guardava muitas crisálidas vazias

alcançadas à beira dos seus caminhos

pra beber delas o sonho de borboletas

ele ostentava os seus chinelos gastos

como troféus das distâncias que tinha

 

era poeta, e não morreria de belezas


Comentários

  1. Lindo, Antonio... e nos 'deixou' ou brindou com um lindo legado lírico...! Um bom dia, irmão em letras!

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    1. Obrigado, caríssimo irmão em letras, Dan! Apareça sempre por aqui! Um bom dia e um abraço!

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